Presidente da Mancha e diretor da Comando se comprometeram a promover a paz no futebol (Foto: Ascom TJ/AL) |
O desembargador adiantou que a decisão deverá, de imediato, liberar o
funcionamento das sedes das organizadas, porém o retorno delas aos
estádios só será permitido após a implantação das medidas de controle.
Entre as principais determinações deverão estar as seguintes:
- A Federação Alagoana de Futebol fará o cadastro dos integrantes das
torcidas. Os integrantes só poderão entrar no estádio portando uma
carteirinha específica, vinculada a um banco de dados eletrônico,
disponibilizado para a Polícia e o Ministério Público de Alagoas
(MP/AL). Torcedores menores de idade só farão parte das torcidas se
autorizados pelos pais ou responsáveis.
- Para os clássicos entre CRB e CSA, as torcidas devem providenciar
transporte próprio para evitar confusões nos coletivos de Maceió. O
itinerário das torcidas deverá ser comunicado à polícia, já a entrada no
Rei Pelé, em dia de clássico, deverá acontecer com uma hora de
antecedência.
- A torcida Comando Alvi Rubro deverá ser formalmente instituída, pois hoje a organização não tem existência legal.
- Será criada uma comissão permanente de controle das torcidas,
composta por Ministério Público, Judiciário, Polícia Militar e torcidas
organizadas.
- O Estádio Rei Pelé deverá ter salas para revista íntima de
torcedores, a ser feita por amostra, pela Polícia Militar, afim de
evitar a entrada de drogas.
- As torcidas estarão proibidas de entoar cantos ofensivos à Polícia.
Tutmés Airan explicou que o Juizado do Torcedor deve fiscalizar o
cumprimento das determinações. “[Se as medidas forem descumpridas],
vamos analisar caso a caso o grau de infringência. Eu espero que isso
não precise acontecer, mas se for necessário, a gente aponta no caminho
da extinção”.
O desembargador afirmou ainda que não espera que as medidas resolvam
toda a problemática, mas amenizem bastante a situação. “Nacionalmente
tem se construído um caminho semelhante, e nós vamos tentar trilhar por
esse caminho. A expectativa é que isso reduza substancialmente o nível
de violência.”
Líderes das torcidas saíram satisfeitos
Alan Eudes, diretor da Comando Alvi Rubro, considerou a audiência
produtiva. “A extinção não é o adequado hoje, porque prejudica a
Polícia, a torcida e o clube. Acho que o mais viável é a volta das
torcidas e a criação desse elo entre todas as partes envolvidas: a
Federação, o Juizado do Torcedor, os clubes. Esse trabalho tem de ser
feito, porque todos vamos sair ganhando”.
O presidente da Mancha Azul, Vanderli Nunes, garantiu que a
organizada irá “virar a página” e “selar a paz”. “Nós vamos seguir tudo o
que for acordado e o componente que for pego bagunçando e sair desse
acordo, vamos afastar ele”, assegurou.
Críticas à imprensa
O vice-presidente da Mancha Azul, Sandro Vasconcelos, acredita que a
mídia acaba incentivando os conflitos ao destacar em excesso a
violência. “A mídia passa isso de manhã, de tarde e de noite, a semana
toda, enquanto o lado positivo da torcida não é mostrado. Isso faz com
que aquele torcedor que pensa em confusão, vá ao estádio para praticar
confusão”.
“Acho que a mídia tem o poder tanto de aumentar a violência como de
ajudar a acabar, mostrando o lado social da torcida, mostrando a festa
em si que a torcida faz e não só a violência”, opinou o dirigente da
Mancha.
Polícia Militar
O comandante do Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Marcos
Sampaio Lima, ressaltou que o cadastro facilitará o trabalho da PM
quanto a identificação de criminosos. Ele acredita que as medidas
surtirão efeito.
“A gente sabe que a extinção por si só não representa o fim da
violência nos estádios, então foi uma decisão muito sábia e a gente
passa ter o controle efetivo sobre a existência dessas torcidas”,
afirmou o coronel Sampaio.
O Ministério Público Estadual participou da reunião, representado
pelo procurador Valber Valente, que atua na 1ª Câmara Cível do Tribunal
de Justiça.
Suspensão
As atividades das torcidas e o ingresso delas nos estádios foram
proibidos no dia 08 de abril, por decisão do desembargador Tutmés Airan. A
medida teve caráter cautelar, no âmbito de uma apelação interposta pelo
Ministério Público, requerendo a extinção das torcidas.
Alvirrubros de Coração com Ascom TJ/AL
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